Meu coração em linhas

O que está guardado dentro de mim

Eu sempre fui muito de falar, mas as vezes isso era um problema. Gostaria de saber pensar antes de falar.

Desde pequena eu amo palavras! Não só como um hobby, mas também como terapia. Cartas, diários, livros. Tudo isso me faz ser quem eu sou.

Quando brigava com a minha mãe, o jeito que sempre encontrava para me desculpar era com cartas (obs: ela acabou implicando com as minhas cartas, então continuei escrevendo para ela sem enviar). Mas o mais curioso é que as palavras eram os motivos para a briga e para a reconciliação. Como eu disse, falo muitas vezes sem pensar.

Em uma das cartas que não enviei para a minha mãe escrevi:

É por isso que gosto de escrever: na escrita eu sei me expressar, mostrar para os outros o que eu sinto. Nela eu posso PENSAR antes de escrever, o que eu não consigo falando. E foi na escrita que eu achei o meu lugar.

Acho que minha mãe ainda não sabe que eu continuo escrevendo cartas para ela quando brigamos. Mas quando escrevo eu consigo pensar melhor e processar meus sentimentos.

Eu tenho oito diários. Sim, são muitos. Mas são eles que sabem meus sentimentos. Encaro como forma de terapia. Coisas que nunca contei para ninguém estão registradas nele. Me imagino velhinha lendo aquelas páginas amareladas, rindo das minhas atitudes.

Mas são naquelas páginas que estão registradas cada parte de mim. Cada erro, cada indecisão, cada tristeza, cada incerteza, cada amor, cada momento de felicidade. Meu coração está dividido em páginas com linhas.

Quando pequena eu comecei a escrever uma historinha (A princesa perdida). Eu tinha uns 8 anos. Eu me sentia viajando para outro universo. Eu podia ser uma princesa (eu amava ser), podia ser uma fada, uma sereia. Tudo o que eu quisesse! Esse também é um dos motivos pelo meu amor pela leitura.

Lembro ainda hoje de meu sonho de aprender a ler e escrever. Quando eu e meu pai íamos ao shopping, comprávamos aqueles livros com várias histórias. Antes de dormir, nos escondíamos debaixo da coberta para ler aqueles contos incríveis ou escutar as histórias inventadas pelo meu pai. Era incrível!

Acho que foi graças ao meu pai que eu tenho tanto amor pela leitura e pela escrita!

Com uns 9 anos, meu pai assinou a leiturinha para mim. Ficava ansiosa esperando pelos livros, para me perder em mais aventuras!

As palavras, como disse, sempre foram os meios mais eficazes de eu me expressar. Sempre que choro em um livro, sinto que estou botando o que eu sinto para fora. Sempre que sorrio também. Sempre que escrevo em meu diário, repenso as minhas atitudes e começo a refletir quem eu sou.

Tudo o que está guardado dentro de mim, eu jogo para a fora com a escrita. É como se eu estivesse tirando um grande peso do meu coração. Como se fosse um desabafo silencioso.

Quando acontece algo na escola ou na minha vida pessoal e eu não consigo falar, eu escrevo. Escrever me faz superar.

Agora estou escrevendo um livro. E o mais interessante é que, mesmo sem dar para perceber, cada parte do livro mostra o que sinto no momento, só que disfarçado de histórias e personagens.

E assim eu sigo, enchendo páginas de palavras que talvez ninguém leia, mas que me fazem entender quem eu sou. Um dia, olhando para essas páginas, eu vou ver que cada palavra faz parte da minha história e de quem eu sou.